Conciliar maternidade e carreira, sem dúvidas, é algo desafiador. Mas, ao contrário do que muitos possam imaginar, é possível vivenciar ambas as funções sem que uma anule a outra. Atualmente, vemos o mercado mudando gradativamente seu posicionamento em integrar mulheres nas equipes de trabalho, porém, embora esse tenha sido um importante avanço, ainda assim, precisamos abordar essa questão a fim de conscientizar diversos setores, principalmente, o de Tecnologia da Informação (TI).
Para entender o presente, é fundamental compreendermos nossas origens. Isso é, historicamente, nossa sociedade foi constituída sob a forte tendência de separação de papéis, nos quais a função de trabalho e sustento eram associados aos homens, enquanto as mulheres ficavam responsáveis pelo cuidado da casa e dos filhos.
Hoje, isso já não é mais assim. Temos grandes exemplos na história de figuras femininas que contribuíram para grandes descobertas, inspirando outras a seguirem o mesmo caminho. No entanto, mesmo diante desse importante avanço, ainda assim, muitas mulheres acabam passando por situações desconfortáveis no ambiente de trabalho, nas quais, em muitos casos, são desacreditadas e precisam constantemente provar seu valor.
Isso pode se intensificar ainda mais quando elas são mães, já que dúvidas e incertezas quanto ao seu desempenho após a maternidade são colocadas à prova. E, com isso, cria-se um cenário complexo, no qual, de acordo com uma pesquisa conduzida em 2023 pela consultoria Elliott Scott HR Brasil, 69% das mulheres com filhos na primeira infância acreditam que seu crescimento profissional é mais lento em comparação com aquelas que não tem filhos.
O dado chama atenção para a importância de abordar cada vez mais a pauta da maternidade nas organizações, a fim de conscientizar um mercado ainda polarizado. E, em se tratando da área de TI, esse tema é ainda mais relevante, visto que, segundo a pesquisa realizada pela Woman in Technology, foi constatado que as mulheres ocupam menos de 20% dos cargos das áreas de tecnologia no Brasil. Ainda de acordo com o estudo, apenas 26% das empresas latino-americanas possuem programas de retenção e atração de talentos feminino.
Vale destacar que a escolha da maternidade é uma decisão pessoal e familiar, a qual não deve ser colocada como um critério de avaliação de desempenho profissional ou no ato de contratação. Da mesma forma, embora haja uma gama de discursos inclusivos defendidos por muitas empresas, a igualdade não está na oferta de vagas especificas, mas no reconhecimento independente das suas escolhas pessoais.
Deste modo, cabe às empresas a missão de conscientizar a equipe para não reproduzir comportamentos e discursos que possam constranger ou despertar um sentimento de incapacidade pelo fato de serem mães, bem como usufruir da flexibilidade existente nos modelos de trabalho a fim de proporcionar, também, uma forma de apoio.
Nenhuma mulher precisa abdicar de um sonho para viver o outro. Contudo, além da pressão mercadológica, há ainda discursos e pensamentos que acabam, muitas das vezes, fazendo com que ela se sinta culpada por continuar vivendo a sua vida e correndo atrás dos seus objetivos, já que tem a responsabilidade dos filhos.
Quanto a isso, precisamos sempre lembrar que a maternidade não deve, jamais, ser considerada um fator impeditivo, sobretudo, para o setor de TI. Afinal, por ser uma área em constante evolução, existe um gama de oportunidades e funções nas quais as mulheres podem e devem atuar, a fim de mudar o atual cenário, uma vez que a presença feminina neste segmento no Brasil é de 0,07% – correspondendo a 69,8 mil profissionais, de acordo com dados do Serasa Experian.
Nesse sentido, encarar os desafios de ser mãe profissional torna-se mais equilibrado quando as organizações são suporte. Obviamente, a maternidade não deve ser romantizada, visto que traz consigo desafios que podem ser refletidos tanto no âmbito profissional, quanto pessoal. Porém, essa escolha não deve partir do pressuposto de que há chances de perder espaço e credibilidade no mercado. Afinal, as mulheres mostram, diariamente, que é possível ser mais de uma versão, e exercer todas com excelência.
Elaine Costa e Leila Santana são Squad Leaders na Viceri-SEIDOR.
Sobre a Viceri-SEIDOR:
A Viceri-SEIDOR é uma empresa de Tecnologia da Informação que, há mais de 31 anos, apoia a transformação digital das organizações por meio da entrega do ciclo completo de desenvolvimento de produtos digitais. Com 83 escritórios divididos em 40 países, a empresa já soma mais de 8 mil clientes. Saiba mais em: www.viceri.com.br