Integrando chatbot Rasa com outras aplicações

Já falamos aqui anteriormente sobre o Rasa. No artigo anterior fizemos um resumo geral e agora vamos aprofundar, focando especificamente na integração com outros sistemas, ou seja, como fazer o chatbot entender uma conversa e buscar informações em uma base de dados. Neste texto, vamos lembrar alguns termos que foram apresentados e que precisamos que estejam claros.  

Intenção (Intent): é o que o chatbot acha que você está querendo dizer. A partir de uma lista de exemplos que são treinados no chatbot é criado um modelo. Com esse modelo o Rasa vai tentar prever ou predizer o que o usuário está querendo falar.

Ação Personalizada (Custom Action): é possível escrever rotinas para fazer uma consulta num banco de dados, cálculos, relatórios, logs, enfim, qualquer coisa que possa ser feita num programa, e ainda acessar informações sobre a conversa, como interações anteriores com o chatbot. As ações personalizadas são escritas em Python.

Entidade (Entity): é uma parte variável da frase que pode ser considerada uma informação distinta. Isso parece confuso, então vamos dar um exemplo: Se tivermos uma intenção tipo “quais os hospitais em tal cidade?”, o “tal cidade” é uma entidade. Mesmo se a cidade fosse diferente de uma pergunta para outra, isolamos essa informação e fazemos uma busca para os hospitais da cidade especificada. 

Do mesmo jeito, uma frase do tipo “quais as minhas reuniões para tal dia?”, esse “tal dia” seria uma entidade. Uma entidade pode ter vários formatos. No caso do “tal dia” pode ser “quais as minhas reuniões para a próxima quarta”, “quais as minhas reuniões para o dia 10 de setembro”, ou ainda “quais as minhas reuniões para amanhã”. Em todos esses casos a entidade “data” é extraída da frase, e passada para uma ação personalizada para recuperar as informações daquele dia.

Slot: Não tem uma palavra específica no português, mas seria “ranhura” ou “fresta”. Imagine uma caixinha de correspondência que tem uma fresta por onde você pode passar uma folha de papel com um texto escrito. No Rasa, slots são usados para guardar informações no decorrer da conversa, que podem ser consultadas depois. Essas informações são guardadas nestas caixinha ou slots. Na programação tradicional o equivalente seriam as variáveis. Uma variável tem um nome e um valor, e um slot, do mesmo jeito, tem um nome e um conteúdo. Um slot pode ser de dois tipos básicos: um valor que não interfere no fluxo da conversa (que pode guardar qualquer tipo de informação); ou um valor que pode alterar o fluxo da conversa.

Como assim “interfere no fluxo da conversa”?

Se temos um slot com o sexo do usuário, quando ele (ou ela) escrever “como vai?”, podemos desviar uma conversa de acordo com o conteúdo desse slot, mostrando respostas diferentes para cada caso. Se for um homem mostramos “Eu vou bem, e o senhor, como está?” e se for uma mulher respondemos “Eu vou bem, e a senhora, como está?”. Dentro do tipo que interfere no fluxo da conversa, temos tipos específicos de slot: podemos ter slots numéricos, de texto, lógicos (tipo verdadeiro ou falso) ou categóricos (onde temos uma opção dentro de uma lista de possibilidades). Um exemplo de slot categórico seria sexo: masculino, feminino ou não informado.

Mas um detalhe, mesmo sendo do tipo que interfere no fluxo da conversa, somente conseguimos analisar o conteúdo do slot quando se trata de um slot categórico. Para os outros tipos só sabemos se tem algo no slot, ou se está vazio.

Podemos alterar o conteúdo de um slot de várias formas: preencher automaticamente com a informação extraída de uma entidade com o mesmo nome, mandar diretamente um valor para um slot através de uma API, ou alterar dentro de uma ação personalizada.

Observe que podemos usar a mesma entidade para preencher vários slots! Vamos supor que seja para calcular a área de um retângulo, onde área é igual a altura vezes a largura. Uma entidade “comprimento” pode ser ora a altura, ora a largura. E qual valor dependerá da conversa em si.

Resposta (ou Response): É uma frase que o chatbot irá responder para o usuário. Pode ser só um texto ou pode conter slots no meio da frase. Por exemplo, se temos uma frase de bom dia, e um slot contendo o nome do usuário, podemos colocar essa informação no meio da frase e falar “Bom dia, João” ou “Bom dia, Paulo”. Podemos cadastrar várias frases diferentes, e neste caso, o chatbot irá escolher aleatoriamente uma das respostas, e com isso tornamos as conversas mais humanas e menos fixas.

Respostas também podem conter botões. Definimos os botões, o que deve aparecer no botão, e se o usuário clicar em um desses botões será enviada a frase programada no botão para o chatbot.

Formulário (Form em Inglês): definimos um ou mais slots obrigatórios, e então o formulário age como se fosse uma “trava” na conversa, permitindo apenas que o usuário siga adiante caso todos esses slots estejam preenchidos. Podem ser preenchidos com qualquer texto que o usuário digitar, ou a partir de entidades extraídas de diálogos que o usuário escrever. Formulários são programados em Python, assim como ações personalizadas. Devemos ter frases resposta específicas para solicitar cada um dos slots que ainda não foram preenchidos.

Vamos ver um exemplo disso: se temos uma conversa que vai mostrar quais são os hospitais da minha cidade, eu não posso prosseguir na conversa até que o slot contendo o nome da cidade esteja preenchido. Neste caso, o formulário vai olhar o slot, e se não estiver preenchido, vai disparar a frase “Em que cidade?” e esperar a pessoa digitar o nome da cidade.

Podemos validar o nome da cidade dentro do formulário, e caso não seja um nome válido, pedimos novamente. Somente depois que o usuário digitar uma cidade válida é que seguimos e fazemos a consulta num banco de dados para mostrar quais os hospitais cadastrados para aquela cidade.

Estória (ou Story): é a cola que junta todos esses pedaços. É uma sequência de intenções, respostas, formulários ou ações do chatbot que vai dar forma à conversa. A forma mais simples de uma estória é uma intenção e uma resposta, que vai criar o seguinte comportamento: se o usuário digitar determinada coisa, responde com tal coisa. 

Estórias mais complexas usam ações personalizadas e formulários para enriquecer a experiência do usuário. Todas essas informações ficam distribuídas em vários arquivos. Temos o arquivo de configuração, config.yml, onde ficam os parâmetros de treinamento, e qual a sequência de módulos que serão usados para interpretar o texto e treinar o modelo.

Temos o domain.yml contendo uma lista de todas as ações (ações personalizadas e respostas do chatbot), intenções, entidades e slots, além de todos os textos de respostas que o chatbot deve mostrar. Dentro de uma pasta chamada data colocamos as estórias e as frases de exemplo para o treinamento do chatbot, sendo que temos a opção de organizar melhor os arquivos, colocando em duas subpastas: data/core (para as estórias) e data/nlu (para as frases de exemplo).

Na Viceri desenvolvemos uma ferramenta para administrar o chatbot com mais facilidade, permitindo que através de uma aplicação web, você consiga gerenciar todas essas informações.

Depois de conhecer estes termos, nos próximos artigos vamos entrar mais nos detalhes da programação e dar exemplos mais detalhados de como se encaixa tudo isso.

Ficou interessado em saber mais sobre o assunto? O time da Viceri tem especialistas que podem ajudar você a encontrar as respostas que precisa. Entre em contato com a gente!

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